Foi-se o tempo em que mulheres escolhiam e eram escolhidas apenas para ocupar cargos nas chamadas “profissões femininas”, de cuidado, educação, beleza etc. Hoje, cada vez mais, temos a ascensão da liderança feminina. Muitas vezes as mulheres são maioria em cursos, faculdades, mestrados, doutorados e conquistam cargos cada vez mais elevados, em todos os setores.
Mais do que uma democratização do espaço profissional, assim como as mulheres gostam de ocupar tais espaços, do ponto de vista das empresas, poder contar com a presença feminina em cargos de liderança também traz muitos benefícios. Afinal, as mulheres vem transformando a sociedade e, muitas vezes, a visão delas nos negócios acaba se tornando um diferencial para as organizações.
O número de famílias chefiadas por mulheres subiu de 23% para 40%, entre 1995 e 2015, conforme uma pesquisa realizada pelo Ipea. Com a sua sensibilidade e capacidade de análise e raciocínio, elas contribuem para a evolução do mercado.
Quer saber como elas estão na linha de frente também no mercado de trabalho? Então continue a leitura!
Mulheres em posições de liderança
A participação das mulheres em cargos de liderança também tem avançado ao longo das décadas, e isso se deve em parte à escolaridade das profissionais e ao fato de conseguirem promoções mais rápido que os homens, quando se dedicam com afinco ao trabalho que desempenham.
Da mesma forma que elas estão à frente de muitas famílias, também estão à frente na educação. Das pessoas que entram na graduação todo ano, 55% são mulheres. Quando se fala em pós-graduação, mestrado e doutorado, o percentual de mulheres que ocupam essas vagas é de 15% a mais do que os homens.
Apesar desse cenário promissor, no mercado de trabalho, a realidade ainda é diferente. As mulheres estão em 37% dos cargos de chefia em empresas no Brasil, mas só 10% dos cargos no topo da pirâmide estão nas mãos delas.
Ainda assim, elas estão avançando. Mesmo com a diferença, a participação das mulheres em cargos de liderança cresce a cada ano. E o mais interessante é perceber que esse crescimento é mérito totalmente feminino. Quando as mulheres começaram a entrar no mercado de trabalho, era comum vê-las se espelhando nos modelos de liderança masculinos: de rigidez, de gestão vertical e pouco diálogo.
Mas, com o passar do tempo, elas perceberam que essa “imitação” é desnecessária, visto que as mulheres podem ter a sua própria maneira de liderar e que, atualmente, tem sido, inclusive, mais eficiente. Conforme o Global Gender Diversity Report, as empresas que são lideradas por mulheres são mais lucrativas do que as chefiadas por homens.
Características femininas
Existem algumas características, que são consideradas tipicamente femininas, que contribuem para a diversificação e organização das equipes. Mulheres, muitas vezes, são mais flexíveis e têm maior capacidade de se adaptar as mudanças, o que combina com o momento de instabilidade no qual estamos vivendo.
Além disso, elas estão menos preocupadas com o status de poder do que com a habilidade de criar conexões com as outras pessoas.
As mulheres são ainda mais dispostas a ouvir e a sentir empatia por seus colaboradores, o que torna o ambiente mais agradável e diminui problemas, como o turnover de pessoal, por exemplo. Ao mesmo tempo, a capacidade de análise e raciocínio das mulheres não deixa a desejar perto de nenhum homem com formação de mesmo nível.
É claro que o modelo de liderança feminino não substitui o masculino: o ideal seria encontrar o equilíbrio com a contribuição de ambos os gêneros. E é essa a luta por igualdade que a mulher líder de hoje ainda enfrenta.
Profissões tipicamente masculinas
Motoristas de ônibus, frentistas, engenheiras, técnicas em computação etc., é normal vermos hoje em dia mulheres exercendo profissões que, até pouco tempo, eram tipicamente masculinas.
A presença feminina traz novas perspectivas a essas funções, visto que costumam ser mais detalhistas e analíticas. A explicação para a busca por essas ocupações é que elas estão se qualificando cada vez mais e se sentem mais livres para buscar seus sonhos profissionais.
Essa inserção também traz novas perspectivas e ideias para essas profissões, o que contribui para o enriquecimento e a diversificação do mercado. Ao mesmo tempo, mulheres que buscam por essas profissões ainda sofrem preconceito ou são afetadas dia após dia por olhares de curiosidade.
Preconceito institucional
Como falamos, embora muitas conquistas já façam parte da história das mulheres no mercado de trabalho, ainda há um longo caminho a ser percorrido, uma vez que o preconceito persiste.
Existem empresas que oferecem menores salários ou, até mesmo, evitam a contratação de mulheres, sob o pretexto de que estão sujeitas a engravidar e ter de se afastar do trabalho por um tempo.
Fora a ideia de que mães tendem a estar mais disponíveis aos seus filhos, por isso, podem necessitar chegar mais tarde ou faltar ao trabalho com frequência. Vamos combinar que o cuidado com o filho é uma responsabilidade de ambos os pais, certo? Então se esse raciocínio serve para um, deveria servir ao outro também.
É importante lembrar que a discriminação salarial é crime. Qualquer empresa que pague valores diferentes aos profissionais que fazem o mesmo trabalho, em função de seu gênero ou orientação sexual, nacionalidade, idade, estado civil, descendência, país de origem, raça ou religião está passível de processo. Cabe à mulher se impor e não ser condizente com condições inferiores.
Preconceito social
Mesmo que involuntariamente, muitas famílias ainda criam suas filhas para viver passivamente. É daí que vem as qualidades ditas femininas e que nos são muito úteis, mas é daí também que pode advir um longo sofrimento.
Apesar das mudanças mulheres ainda têm mais dificuldade para escolher a profissão que desejam, têm mais medo de errar e encarar desafios. Muitas vezes porque nunca foram incentivadas a enfrentar as situações e têm que aprender na prática. Além disso, há ainda um forte fator social que recrimina as meninas que demonstram algum tipo de liderança.
A competição com as outras mulheres e a supervalorização da aparência também são estimuladas desde muito cedo. Isso se soma à cobrança pela perfeição: elas são estimuladas a acreditar que devem “dar conta” da profissão, dos cuidados com a casa e da família, e qualquer pequena falha pode ser sinônimo de fracasso.
Mulheres, uni-vos
Um dos principais fatores que prejudicam a ascensão das mulheres em suas carreiras é a própria competição entre seus pares. Olhe para os lados na sua empresa e perceba se não existem mulheres sendo preteridas em suas funções simplesmente por serem mulheres. Una-se a elas, converse, conte sobre os problemas que você tem enfrentado. Quanto mais masculina é a empresa, maior a necessidade de estabelecer conexão com outras mulheres.
A luta para vencer esses desafios deve começar dentro de cada uma de nós, com preparação, autoconhecimento e dedicação. Mulheres que são verdadeiramente líderes têm mais facilidade de desenvolver essa visão, e é dessa forma que podem ajudar a transformar as outras e a sociedade de modo geral.
Se você está em um cargo de liderança, promova a valorização das mulheres nas profissões femininas. O desejo de todas nós é que, daqui alguns anos, não exista mais diferenças negativas entre homens e mulheres no mercado de trabalho.
Gostou de refletir um pouco sobre este assunto? Leia também por que optar por mentoring para mulheres e aprenda a se destacar no mercado. Afinal, podemos chegar em qualquer lugar!